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Cânone Gráfico vol. 1 (Lançamento Curioso 6)

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Este não é só curioso: também é pesado. Com 456 páginas no formatão de álbum, é daqueles livros que também serve para fazer exercício (ou, como escrevi aqui, um tijolo). E olha que é só o primeiro volume.

Cânone Gráfico é um dos projetões malucos do Russ Kick, editor e escritor dos EUA que eu conhecia principalmente da Disinformation – pra quem ele compilou livrões de teorias da conspiração. A ideia maluca de Cânone Gráfico é reunir o cânone literário (ocidental e parte do oriental) em quadrinhos. A maior parte desse cânone já foi adaptada para HQ em algum momento – alguns mais de uma vez – e é reaproveitada, mas também há adaptações feitas exclusivamente para a compilação.

O primeiro volume tem 51 histórias, cada uma precedida de um texto de apresentação. A ordem é cronológica: começa com Gilgamesh (2800-2500 a.C.) e vai até As Ligações Perigosas (1782). O próximo volume vai do Kubla Kahn de Coleridge até O Retrato de Dorian Gray. O terceiro é só século XX: de Coração das TrevasGraça Infinita. Todos são precedidos de textos de apresentação.

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Apesar da proposta, Cânone Gráfico não se encaixa fácil na “onda” de adaptações literárias nos quadrinhos. Adapta-se trechos das obras literárias, na maioria dos casos. Também há seleções de HQs maiores, como os capítulos de A Divina Comédia por Seymour Chwast e o Dom Quixote de Will Eisner (os dois já publicados inteiros no Brasil). Além disso, o editor mandou a censura às favas: avaliadores do PNBE vão corar ao ver os paus eretos e mamilos empinados na adaptação que Valerie Schrag faz de Lisístrata. O conto selecionado de As Mil e uma Noites, a propósito (com adaptação de Vicki Nerino), é “A Mulher com Duas Vaginas”.

O volume 1 é a primeira publicação brasileira de quadrinistas muito interessantes, como Isabel Greenberg, Aidan Koch (abaixo), Roberta Gregory, Molly Crabapple. Também recupera gente que é sempre bom rever, como Peter Kuper (adaptando a “Proposta Modesta” de Jonathan Swift), Eisner, Fred Van Lente com Ryan Dunlavey (de Filósofos em Ação).

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Assim como a edição estrangeira, o empenho editorial na edição brasileira é incrível. As traduções de Magda Lopes (prosa) e Flávio Aguiar (poesia) têm estilo próprio para cada conto e sabem que são traduções de quadrinhos, com características de quadrinhos. Falando em estilo próprio para cada conto, Lilian Mitsunaga, letreirista mais celebrada de HQ que temos, usou toda pasta de fontes do computador e deve ter criado mais algumas. Fora ser um dos primeiros lançamentos do Barricada, selo de quadrinhos que a Boitempo inaugurou este ano.

A edição brasileira, porém, perdeu quatro capítulos que estão no Graphic Canon vol. 1 lançado nos EUA e no Reino Unido: as adaptações de “Coiote e os seixos”, Odisseia, O Livro de Ester e Beowulf ficaram de fora por motivo de direitos autorais. No total, são 56 páginas a menos em relação ao original. Tomara que os próximos volumes não esbarrem nesse problema.

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