A Polvo e o Quadrinho Brasileiro em Portugal
O jornal português Público anda com uma rubrica “Ano grande do Brasil” desde outubro. Tratou das eleições, falou com escritores (Antonio Prata, Sérgio Rodrigues, Contardo Calligaris), da violência, do racismo, do novo Ministro da Fazenda… e dos nossos quadrinhos. Sim, Brasil lembra tanto Dilma quanto literatura quanto economia quanto violência quanto gibi!
eis o que de facto importa: a qualidade das obras, a diversidade de estilos e temáticas, a invenção gráfica. A relação com o real. Copacabana nasceu dos passeios nocturnos de Lobo pelas calçadas, os bares e as boates do bairro de Copacabana, entre putas, traficantes e travestis. É uma banda desenhada a carvão e a tinta-da-china com o traço nervoso e redondo de Odyr, que avança na noite empurrada pelo trabalho e pelos sonhos de Diana, mulata e prostituta. Ficção e real, imaginação e trabalho de campo fundem-se e dão conta de uma cidade em transformação. Já Cachalote, num desenho fino e frágil como a escrita de Daniel Galera, lança cinco histórias paralelas que nunca se ligam. Preenchem-nas os “combates” e as emoções de homens e mulheres (um estrela do cinema chinês, um casal, um escultor, um escritor e a sua ex-mulher, entre outras personagens) em geografias anónimas ou diversas (São Paulo, Europa), com o realismo a acolher o fantástico.
Fiquei curioso com alguns álbuns de portugueses que vi pela Polvo, principalmente um bem recente: Deixa-me Entrar, de Joana Afonso. Brito me diz que ela é a “nova coqueluche da BD portuguesa”. Ele também diz que devo conhecer Penim Loureiro (Cidade Suspensa), Rui Lacas (Hän Solo), a dupla humorística Geral e Derradé (Há piores – Até ao âmago!) – “série na senda do trabalho de Angeli, Laerte e Glauco” – e outros que já são prata da casa, como Miguel Rocha.
“Ainda temos o Paulo Monteiro, cuja única obra, O amor infinito que te tenho, é a que se encontra mais editada no estrangeiro de um autor português (Brasil inclusive, pela Balão Editorial). Já foi premiada em Portugal, França e Espanha.”
O site da Polvo está funcionando só no modo básico por alguns dias, mas deve retornar – inclusive com sistema de vendas – em breve. Seria legal o intercâmbio virar de mão dupla: as editoras brasileiras podiam dar uma olhada na nova produção portuguesa.
Quadrinistas 2015: Gustavo Duarte, Hector Lima, Cynthia B, Deodato |
Dentes de Elefante, Pedro Cobiaco |
Acompanhando a discussão via RSS
Quer acompanhar mais facilmente a discussão neste post?
Assinar notificações via RSS.
Não sabe o que é RSS?
Aprenda aqui!
Tutoriais para: Internet Explorer, Mozilla Firefox e Google Chrome.