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Le Petit Livre de la Bande Dessinée

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Se fosse lançado no Brasil, Le Petit Livre de la Bande Dessinée seria chamado de O Pequeno Livro da Bande Dessinée. Traduzir para “da História em Quadrinhos” pode ser um engano, pois a história dos quadrinhos que o livro conta é a história do ponto de vista franco-belga. Bien sûr, é um álbum lançado no mercado franco-belga, produzido por autores franceses: Hervé Bourhis e Terreur Graphique.

Entenda-se que não é só a história do quadrinho franco-belga, mas do ponto de vista franco-belga. E o invejável mercado de lá, pujante, autoral, albunzesco, bilionário, sempre foi aberto para o quadrinho de outros países – o dos EUA desde sempre (sendo que o inverso não se aplica) e o do Japão nas últimas décadas. Assim, o livro dá espaço considerável a Yellow Kid, Will Eisner, Frank Miller, Homem-Aranha, Tezuka, Akira e Jiro Taniguchi – mesmo que, compreensivelmente, seja menor do que dá aos detalhes da vida de Hergé, Hugo Pratt, Uderzo, Bastièn Vives e Töpffer.

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Ainda não acabei de ler. É uma leitura lenta, e não só porque meu francês é intermediário. Quem já viu os livros de Bourhis da mesma coleção – O Pequeno Livro do RockO Pequeno Livro dos Beatles saíram pela Conrad – conhece a estrutura: cada página traz umas cinco a nove vinhetinhas com acontecimentos referentes a cada ano, acompanhados de um ícone que geralmente reproduz uma imagem icônica. É divertido parar para ver como o desenho tenta reproduzir outros desenhos ou fotos.

Estou na metade do livro, mais exatamente nos fatos de 1978. Enquanto as primeiras páginas mesclam anos, aí pela década de 1940 cada ano já ganha página própria. Nas décadas de 1960 e 1970, cada ano tem três, quatro páginas – reflexo da época movimentada. Da mesma forma, mais à frente o livro começa a reduzir para uma ou duas páginas por ano. Vai saber quais lançamentos de 2011 têm relevância histórica? A ducentésima e última página trata de 2014 e se concentra na Europa: fala de L’Arabe du Futur, de Béta… Civilisations, da página de Tintim vendida por 2,5 milhões de euros

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Quando sai de França-Bélgica (e respectivos mercados-satélite, como Espanha e Itália), EUA (leia-se também Canadá e Inglaterra) e Japão, os autores só tentam ser politicamente corretos em citar quadrinhos de outros países. Está lá que, em 1905, criou-se “O Tico-Tico, 1er jouenal brésilien de bande dessinée”. Salvo engano, a única menção posterior ao Brasil é de quando Hugo Pratt passou por aqui. Não se fala de Mônica e, caso citarem Chiclete com Banana, volto aqui e atualizo o texto. Cita-se a primeira HQ africana, os primeiros manhwas e era isso.

Isto não é um problema do álbum. Afinal, retomando: é uma publicação francesa produzida por autores franceses. Inclusive pode-se falar que muito da história contada ali tem a ver com memórias afetivas e gostos pessoais. O que é irrecriminável: eles contam o que leram, o que viram, o que compraram. O leitor não-franco-belga, porém, deve perder várias piadas, inclusive visuais. Há páginas de “álbum do ano”, para as quais Bourhis e Graphique convidaram outros quadrinistas a reproduzir/deturpar capas famosas – a maioria famosas para eles, então eu não entendo o que se deturpou em muitos casos.

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Seria legal ver mais livros sobre quadrinhos em quadrinhos. Scott McCloud deu a deixa com sua trilogia Desvendando-Reinventando-Desenhando, e parece que os outros autores ficaram com medo de ser acusados de plágio. Seria uma mão na roda ver os livros densos do Thierry Groensteen em quadrinhos. Ou o Paul Gravett escrevendo em HQ.

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