Violent Cases
Se minhas datas estiverem certas, chega às livrarias na semana que vem Violent Cases, nova edição brasileira da primeira parceria Neil Gaiman e Dave McKean, agora pela Editora Aleph. Sou o tradutor e também fiz os textos de orelhas e quarta capa, além de uma nota do tradutor.
Apesar do original ser de 1987, a primeira edição brasileira nem tem tanto tempo: saiu em 2008, pela HQManiacs, com tradução de Rogério de Simone e Adriane de Simone. A edição da Aleph baseia-se numa reedição do ano passado nos EUA, que passou por correção de cores do McKean e (posso estar enganado) acho que tem alguns textos a mais no final.
A capa brasileira é exclusiva. Quem mexeu na arte do McKean foi o Pedro Inoue, que descobri há pouco ser diretor de arte da Adbusters. (Dediquei bons anos da minha vida à Adbusters, em especial num TCC e em parte da minha dissertação de mestrado, então achei a coincidência curiosa.) O letreiramento – bem importante nesse caso, dada a preocupação do McKean com tipografia – ficou com o Delfin, e eu pude conferir na página que ficou bastante apropriado.
Eu e o editor Daniel Lameira tivemos algumas conversas sobre a tradução do título. Violent Cases tem uma multiplicidade de sentidos, hã, violenta. Cases pode ser tanto “vítimas” quanto “casos” quanto “maletas”. É intraduzível caso você queira manter exatamente estes sentidos. Entre as sugestões que eu gostei estava Brutalidades, que não joga com os mesmos sentidos mas trata de um paralelismo que há na trama, na minha opinião com a mesma sutileza que há no Cases. Acabamos ficando com Violent Cases por outros motivos. Escrevi uma nota para o final do livro explicando a decisão.
Já traduzi outros trabalhos de Gaiman – Orquídea Negra, Os Livros da Magia, Dias da Meia-Noite, duas versões de Sandman: Os Caçadores de Sonhos, fora os mega-roteiros que saíram de extras nas quatro Sandman: Edição Definitiva -, mas acho que esse exigiu mais rodadas de revisão que os outros. Influenciados pelo Frank Miller e Bill Sienkiewicz (era a época de Cavaleiro das Trevas e Elektra Assassina), Gaiman e McKean quebram tanto as falas que o tamanho e disposição dos recordatórios (os balões nem têm formato de balões) viram elementos muito fortes na composição. Mexer no tamanho ou no conteúdo deles bagunça a página. Por isso, ter um texto traduzido de extensão muito próxima do original, apesar de ser preocupação quando se traduz qualquer HQ, tinha relevância maior nesta.
O primeiro serviço que prestei ao mercado editorial foi com a Aleph: a revisão técnica de Cultura da Convergência, de Henry Jenkins, em 2008. Foi legal voltar a trabalhar com a editora, que está numa nova fase bem interessante. Posso responder pelo cuidado gráfico que tiveram com Violent Cases, que foi excepcional.
O álbum está em pré-venda na Fnac com um bom desconto. Também tem na Amazon, na Livraria Cultura e na Travessa.
5 Comentários
Recebi ontem “Violent Cases” da editora e minha empolgação é indescritível… Não vejo a hora de ler, até porque a dedicação que tiveram com a HQ instiga o leitor, com certeza. Acho que a delicadeza de se traduzir um original deve dar muita dor de cabeça, mas amei terem mantido o título. Acho que foi a melhor escolha… Ah, sim, e parabéns adiantado pelo trabalho!
E… É impressão minha ou há um link aqui para o post que fiz do evento de aniversário da editora? :O
Abraços =)
Mell Ferraz
//www.literature-se.com/
Oi, Mell. Isso aí, o link é pro seu site, ficou uma bela matéria. E espero que você curta a Violent. Tem um textinho no final explicando por que mantive o título, mas já está meio explicado aqui também.
Obrigada por ter me citado! Que honra!
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