Ronda Vermelha

(Estou recuperando textos que publiquei fora daqui. Este eu soltei no Facebook em 3/12/2017.)

Saiu tem um tempo, não consegui escrever na época: Traduzi Ronda Vermelha, de Garth Ennis com Craig Cermak, lançamento da Mythos.

Queria escrever porque fiquei encucado com o título. O original chama-se Red Team. Meu editor, o Júlio Monteiro de Oliveira, já me passou dizendo que ia ser Equipe Vermelha. Mas resolvi encrencar.

O “Red Team” é uma equipe especial de quatro detetives da Polícia de Nova York que resolve casos complicados, daqueles que levam meses de investigação e dezenas de operações. A HQ começa quando o quarteto cansa de não conseguir prender bandidão e resolve virar grupo de extermínio. Mas só pra matar gente comprovadamente ruim: o traficante com advogado bom, um Bernie Madoff, um padre pedófilo. Mais ou menos uma versão mais realista do Justiceiro (que o Ennis escrevia, não por acaso).

Tudo bem, “Team/Equipe” não é uma tradução ruim. Mas a ideia é de que esse é um destacamento, uma força especial, uma “tropa de elite”. Tem outros nomes pra isso no Brasil, no contexto policial e militar. Tem Batalhões (tipo o BOPE), Grupos (GATE), Comandos (COT). Além disso, “Equipe Vermelha” não me soou legal.

Achei que a melhor tradução seria Comando Vermelho. Só que… né?

Então lembrei da ROTA, ou Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, da Polícia Militar de SP. E comentei com o Júlio que seria divertido uma HQ sobre um destacamento policial que vira grupo de extermínio ter uma pontinha de referência à ROTA.

Também ofereci a opção Equipe Vermelho. O Vermelho viraria substantivo em vez de adjetivo e criaria, quem sabe, referência a sangue, a uma equipe que lida com casos onde a coisa fica vermelha.

O Júlio consultou vetusto tradutor/editor Helcio de Carvalho e, enfim, fechamos em Ronda Vermelha. Que é uma bela HQ, a propósito, pra quem gosta do Ennis mais denso e serião. Tem aqui e aqui.