CONVERSANDO

A linha de quadrinhos da WMF Martins Fontes

A WMF Martins Fontes pode não ser novata em quadrinhos para livraria. De dois anos para cá, porém, chama atenção de leitores e críticos com uma seleção de HQs importadas – assim como de livros sobre quadrinhos – que anda brilhando em muita estante.

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Pagando por Sexo. A ArteOs IgnorantesA Arte de Quadrinizar. Como Desenhar Quadrinhos no Estilo Marvel. Este ano: Parafusos, Quadrinhos: História Moderna de uma Arte GlobalKaputt. E já existe uma programação bem interessante para o ano que vem e o próximo, como você vê lá embaixo.

Quis saber mais sobre como a editora pensa essa linha de quadrinhos. Conversei por e-mail com Luciana Veit, coordenadora do Departamento Editorial e de Novas Aquisições da WMF:

(Vale comentar que a Martins Fontes que publicava Lucky Luke, Boule & Bill, Manara, Crepax e Giardino nos anos 1980 e 1990 não é exatamente a mesma editora de hoje. Em 2006, houve uma divisão que criou as editoras WMF Martins Fontes e a Martins Fontes – Selo Martins. Para ajudar na confusão, a “Selo Martins” também teve uma boa retomada recente nos quadrinhos: Azul é a Cor Mais Quente, O Eternauta, Os Quatro Rios, A Novela Gráfica – e também tem Quino no catálogo.)

A Martins Fontes tem histórico de quadrinhos, especialmente com álbuns franco-belgas no final dos anos 80 e início dos 90. Mas se percebeu uma retomada séria no catálogo de HQ nos últimos dois anos. Quando se decidiu esta retomada do catálogo de HQ e quais foram os motivos?

Foi uma decisão natural. Houve uma retomada pelo interesse por quadrinhos com as chamadas “graphic novels”. E a produção atual é muito interessante.Também vale citar que nunca deixamos de publicar os álbuns do Quino. E o primeiro dos quadrinhos que lançamos recentemente, antes dos que você cita, foi Logicomix, que tem tudo a ver com o catálogo da editora, pois fala de filosofia e de matemática.

Os títulos escolhidos seguem mais ou menos um padrão do que se vê de destaque nos quadrinhos em livraria nos EUA – mesmo no caso das obras que vêm da Europa. Existe uma só pessoa responsável por avaliar para publicação, selecionar estes títulos? Poderia dar uma ideia dos critérios que vocês utilizam?

Não temos um editor de quadrinhos, é a mesma equipe que seleciona as outras obras. Como publicamos poucos quadrinhos – a ideia é lançar, no máximo, 5 por ano – o critério é que seja realmente especial. Mas não temos um gênero ou um estilo/escola que privilegiamos.

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Com Kaputt, até onde percebo no catálogo, vocês começam a publicar autores nacionais – Guazzelli, neste caso. Há planos de mais quadrinhos brasileiros?

Temos a vontade de publicar mais autores brasileiros em geral – infantis, juvenis, de ciências humanas e de quadrinhos. Mas não temos nenhum outro autor de quadrinhos contratado, por enquanto.

O que a WMF tem descoberto sobre o público que compra a linha de quadrinhos? É o mesmo público que lê os álbuns do Quino? É outro? Enfim, qual a visão que vocês têm do mercado para esta linha?

Não sabemos muito sobre o nosso público. Imaginamos que o Quino tenha um público leitor amplo, não necessariamente de fãs de quadrinhos. Mas é assim também com o Logicomix, pelo tema, e talvez Parafusos desperte o interesse de quem não lê quadrinhos mas queira saber sobre como é ser bipolar. O que sabemos é que é um público jovem. E gostaríamos de alcançar justamente o público jovem que hoje tem alimentado o mercado editorial de ficção.

A produção editorial de quadrinhos tende a ser um pouco mais complicada que a dos livros de prosa. No caso dos traduzidos, exige letreiristas com experiência, maior apuro gráfico, alguns álbums são coloridos e não podem ficar muito caros… Como é lidar com esse material que foge ao que a editora de prosa está acostumada?

Temos a experiência dos álbuns infantis, coloridos, mesmo se mais curtos, mas também sofisticados. No caso do letreiramento dos quadrinhos, costumamos trabalhar com a Lilian Mitsunaga, o que nos garante qualidade. A questão da cor é mesmo um problema no custo final do livro, por isso tendemos a publicar HQs preto e brancas. Mas The Property, por exemplo, é uma exceção… Não resistimos.

E há ainda a surpresa. O livro do Guazzelli, Kaputt, foi pensado como preto e branco. Ele desenhou alguns contos em lápis de cor, que depois seriam transformados em p&b, mas gostou do resultado do “rascunho”. E nós também adoramos e acabamos fazendo alguns cadernos com cor.

Pode adiantar próximos lançamentos em quadrinhos ou sobre quadrinhos?

Vamos começar o ano lançando The Property, de Rutu Modan (ganhador do Eisner na categoria “Melhor Álbum Gráfico Original” em 2014), e Heute ist der letzte Tag vom Rest deines Lebens (“Hoje é o último dia do resto de sua vida”), da Ulli Lust.

No segundo semestre lançaremos Une vie chinoise (Philippe Otié e Li Kunwu), uma história da China de Mao até os dias de hoje. Também compramos um lindo quadrinho canadense, Jane, le renard et moi (de Isabelle Arsenault e Fanny Britt) e ainda o divertido Lena Finkle’s Magic Barrel (de Anya Ulinich) – estes dois provavelmente serão lançados em 2016. Para fechar, sobre quadrinhos compramos Words for Pictures (de Brian Michael Bendis).

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